Rubens vem do clã dos Ianelli. Arcangelo, seu pai, e Thomaz, seu tio, são dois importantes artistas, cuja enorme contribuição à arte brasileira não se discute. Cada um, com seu talento peculiar, fez de suas linguagens um exemplo de talento, sensibilidade e obstinação na construção de uma grande obra. A grande trajetória desses dois artistas não deixou de ser muito importante para definir e influenciar o destino do novo membro dessa família de artistas.
Rubens é médico, ou seja, um homem com sensibilidade e com educação visual e artística já treinada pelos belos exemplos em seu entorno e pelo exercício do oficio da criação.
Rubens é pintor e escultor. Nessa exposição, ele contrasta os grandes formatos de suas pinturas e as pequenas formas apropriadas de suas esculturas. O pintor e escultor se confundem pelo uso sensível da cor e por criar uma simbiose de ideais construtivistas, em que a cor e a forma agem juntas para defenir o seu fascínio por uma paisagem imaginária e por símbolos que dançam no espaço com uma musicalidade de câmara.
Essa quase escrita conta com um grafismo que vai se desenvolvendo com seus ritmos próprios, ora dançando, ora obstinadamente se repetindo, forma armando-se e desarmando-se com a fluidez orgânica dessas superposições e superposições de planos, triângulos, círculos, quadrados, retângulos, formas ogivais nessas composições articuladas com onduladas linhas, que se desenvolvem no espaço com elasticidade e continuidade, à procura do infinito.
Esse papel da linha na pintura de Rubens Ianelli vai muito além do desenho que exprime uma simples figuração. Ela se definiria como um alfabeto, escrevendo sobre a cor uma arquitetura visionária povoada de símbolos, representando uma paisagem visceral. Mas a linha aqui também representa uma espécie de traço ilusionista, de uma incisão, fazendo surgir bordas e texturas que cortam o suporte da tela para criar vincos profundos e diferentes planos. Essa linha, que se repete obsessivamente, cria uma fusão do desenho e da cor propriamente dita, correndo por longas extensões, às vezes nítida, às vezes diluída pela construção da composição, gerando formas e criando fundos.
A pintura de Rubens Ianelli navega por cores matizadas de muitos tons e semitons, cores opacas, ou pela ausência da cor, percorrendo fundos dos grandes formatos. Ele é um pintor com muitos recursos, mas por vezes sua pintura se aproxima, pela cor e pela representação gráfica, da obra de Thomaz e de Arcangelo Ianelli, uma influência natural de quem conviveu a vida toda com estes artistas de sua família.
Do Rubens são ainda essas apropriações de pedaços de madeira carcomidas pela voracidade dos cupins, deixando áreas onde ele cria novas formas e cores numa clara composição geométrica com essas formas orgânicas que ele utiliza para representar paisagens que lembram a arquitetura das savanas africanas. São também como filigranas, delicadas miniaturas dessas fachadas ou de uma pintura rupestre das cavernas pré-históricas. Assim Rubens Ianelli se mostra um artista que resolve sua obra em grandes formatos ou nas pequenas peças marchetadas pela cor, que se completa pela ação do tempo.
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